RESUMO
A literatura sapiencial
é uma coleção de escritos que apresenta orientações práticas sobre diversos
temas, ensina como se portar em situações variadas, comporta normas de
convivência familiar, social etc. Os evangelhos alertam sobre o uso e o lugar
que o dinheiro deve ter na vida do ser humano. Provocam, por exemplo, a
reflexão sobre a quem se deve servir: a Deus ou ao dinheiro? (Mt 6,24). Para
responder a essa questão, buscar-se-á, na literatura sapiencial, os antecedentes
da perspectiva evangélica. Desse modo, a proposta deste trabalho é revisitar
alguns textos presentes nos livros sapienciais de Provérbios, Qohelet e Sirácida
em uma busca por orientações práticas sobre a utilização dos bens e a
valorização das pessoas em relação à sua posse. Geralmente, se analisa a
situação social dos membros do povo de Israel no Antigo Testamento e a atuação
dos profetas como a consciência crítica da sociedade israelita. Pretende-se,
portanto, ouvir os sábios de Israel e demonstrar que seu ensinamento sobre a
situação do pobre e do rico, sobre as desigualdades sociais e sobre o uso correto
dos bens chegou ao movimento de Jesus e pode colaborar com a formação dos
homens e mulheres dos tempos atuais.
PALAVRAS-CHAVE:
Sábio. Sabedoria. Bens. Pobres. Ricos.
Introdução
O
termo “sabedoria” é a tradução do hebraico Hokmah
e tem vários significados: destreza, habilidade, perícia, sagacidade, talento,
sensatez, prudência, juízo, razão. A palavra “sábio”, por sua vez, traduz o termo
hebraico hakam, remetendo a alguém
capaz de discernir a ordem que rege o mundo natural e as relações sociais, na busca
pela verdadeira felicidade, o viver bem.
A
sabedoria era transmitida no âmbito familiar, dos pais aos filhos, desde os
tempos mais antigos (Pr 4,1-5). Com a instauração da monarquia, a sabedoria
migrou do clã e adentrou a corte. Surgiu então a função do escriba, que tinha
como principal atividade documentar acontecimentos do reino, cuidar da
contabilidade, preparar os futuros escribas e educar os jovens aristocratas que
trabalharão nos serviços burocráticos da realeza (CERESKO, 2004, p. 25). Nesse
período da monarquia, serão compiladas as tradições relativas à sabedoria,
processo que teve início com o reinado de Davi, consolidando-se com Salomão e que
atingiu seu cume no período pós-exílico,
A
forma literária característica dos escritos sapienciais é o gênero provérbios,
tradução do termo hebraico mashal,
que comporta uma variedade de significados, como: comparação, ditos, palavra
poderosa, enigma, fábula etc. Todos eles buscam uma compreensão da situação
apresentada por meio da comparação ou analogia (CERESKO, 2004, p. 41). São
ensinamentos profundos transmitidos de maneira sintética e instigante.
A sabedoria,
até então circunscrita à tradição oral, passa a compor obras escritas que
servirão de guia para a formação dos futuros escribas e dos jovens aristocratas.
Tais obras reúnem as tradições recolhidas em Israel, como também tradições
sapienciais das nações vizinhas de Israel. No livro dos Provérbios, temos a
contribuição direta, através de ditos, dos sábios estrangeiros. Podemos afirmar
que Israel bebeu da fonte comum da sabedoria do mundo oriental.
A
reflexão sobre a sabedoria foi relida dentro da fé de Israel, não se limitando
a uma observação das leis e à busca pelo princípio ordenador do cosmo. Os seus
representantes aplicaram-lhe um princípio de fé, o temor do Senhor. O
verdadeiro sábio é aquele que busca a Deus através da observância da Torá[1]. O sábio é aquele que
procura discernir e se ajustar à vontade de Deus presente nos ensinamentos de
sua Palavra. Segundo Ceresko, o escriba-sábio reivindicava uma autoridade igual
à do sacerdote e do profeta na revelação da vontade e da palavra divina
(CERESKO, 2004, p. 28.).
O
escriba-sábio era um funcionário da corte, exercia suas funções de forma a agradar
seus chefes, os poderosos da realeza. Apesar disso, estava inserido em uma
tradição de fé marcada pela ação libertadora de Javé, numa preocupação
constante pela justiça e dignidade do seu povo. Por isso, vemos emergir, nos
escritos sapienciais, temas ligados à justiça social, relações trabalhistas
justas, preocupação com os pobres e com a aquisição, o uso e o acúmulo dos
bens.
1.
Literatura Sapiencial
Os livros
sapienciais apresentam reflexões sobre temas diversos e relevantes para o povo
em seu cotidiano, pois disso se ocupava a sabedoria em Israel. A sabedoria era
um tema corrente na literatura do Mundo Antigo. No Oriente, desde o Egito até a
Mesopotâmia, encontramos reflexões acerca desse assunto. O verdadeiro sábio é
aquele que conhece a arte do bem viver e a repassa para os seus contemporâneos.
Essa arte advém da observação da natureza e da descoberta da ordem natural que
rege a criação, perpassada por grandes mistérios. O sábio é alguém que tem
conhecimento prático das questões importantes da vida, tem uma longa
experiência e tem a preocupação de transmiti-la aos mais jovens.
A
sabedoria era um atributo exigido principalmente aos reis, na arte de governar.
Por isso, temos na história de Israel a figura de Salomão, conhecido como o rei
sábio por excelência. Além de serem sábios, os reis deveriam cercar-se de
conselheiros sábios que os ajudassem a governar com justiça, retidão e, acima
de tudo, sabedoria.
Para
Asensio, é possível falar de escolas em Israel pelo menos a partir do séc.II,
pois no Sirácida temos uma menção explícita em 51,23: “Aproximais-vos de mim
ignorantes, entrai para a escola” (1994, p. 60). Vejamos agora como essa
sabedoria vai atuar na construção de uma formação ética da população de Israel por
meio dos ensinamentos dos sábios recolhidos pela Literatura sapiencial.
2.
A literatura sapiencial e a questão dos bens em Israel
A
Literatura sapiencial compreende os livros chamados sapienciais: Jó,
Provérbios, Qohelet, Sirácida e Sabedoria, e os livros poéticos: Salmos,
Cântico dos Cânticos. Em nosso trabalho, priorizamos Provérbios, Eclesiastes e
Sirácida, por encontrarmos neles certa sistematização ética. Acompanhemos,
portanto, como o conhecimento da sabedoria foi transmitido através dos Livros
Sapienciais, Provérbios, Qohelet ou Eclesiastes e Sirácida ou Eclesiástico,
sobretudo, a forma como eles tratam os temas relacionados ao dinheiro.
Partimos
do pressuposto de que nesses livros os escribas-sábios estavam transmitindo a
tradição sapiencial de Israel e das nações vizinhas. Através deles, ensinavam
aos jovens aristocratas a maneira correta de se portar em diversas situações, das
mais simples às mais complexas. Um dado importante é que essa formação em
preparação para os cargos futuros não estava restrita a temas administrativos,
jurídicos e militares, mas comportava uma profunda solidificação das tradições
religiosas de Israel.
Antes
de exercer qualquer função, um membro do povo de Deus, não podia nunca esquecer
que pertencia ao povo escolhido, com o qual Deus fez Aliança. Portanto, todo
comportamento está subordinado aos mandamentos de Deus, suas orientações
práticas contidas nos códigos legislativos: Decálogo (Ex 20,1-21; Dt 5,1-22),
Código da Aliança (Ex 19,22–23,19), Código Deuteronômico (Dt 12–26) e Código de
Santidade (Lv 17–26). Tais normas e prescrições regem todas as áreas da vida de
um israelita: relações familiares, matrimoniais, comerciais, escravos, dívidas,
sacrifícios, divórcio, propriedades, herança etc.
2.1.
Provérbios
À
primeira vista, parece que nos encontramos em meio ao caos, com a repetição de
temas nas várias coleções de provérbios reunidas na obra. Em meio a tanta
desordem, o compilador dos Provérbios tenta organizar essa confusão, ordenando
a vida com orientações práticas.
Através
dos ditos e instruções, os jovens discípulos aprendem por meio de uma pedagogia
libertadora a discernir as fontes do sofrimento e da infelicidade humana (CERESKO,
2004, p. 58). O melhor caminho para alcançar a felicidade é a sabedoria, ela é
melhor que ouro e prata e adquiri-la deve ser o objetivo de vida dos jovens (16,16;
3,13s; 8,1-21). A sabedoria é o bem mais precioso e necessário que o jovem deve
almejar. Ele não deve se preocupar em acumular riquezas desonestas (13,11;
15,16s; 21,6s). E a melhor maneira de fortalecer o caráter dos discípulos é
reafirmar os valores dos laços familiares, o respeito aos pais e suas tradições
(19,26).
O
livro nos oferece um trecho que define bem o comportamento a ser adotado em
toda e qualquer circunstância: o pedido a Deus pelo equilíbrio:
Duas
coisas eu te pedi; não mas negues antes de eu morrer: afasta de mim a mentira;
não me dês nem riqueza e nem pobreza, concede-me o meu pedaço de pão; não seja
eu saciado, e te renegue, dizendo: “Quem é Iahweh?” Não seja eu necessitado e
roube e blasfeme o nome de meu Deus (30,7-9).
Esse programa
de vida fundamenta-se em ter somente o essencial, nem mais nem menos. Adotar
essa postura em relação aos bens traz consequências diretas em todos os
aspectos da existência do discípulo, tem incidências em todas as suas relações.
Ele não se define pela quantidade de bens que possui, não está subjugado pelo
ter. Nas relações interpessoais, não há, nem deve haver, uma objetivação do ser
humano para alcançar poder, status,
dinheiro etc.
Não há
uma preocupação com o acúmulo, pois, deve-se ter o necessário para a
sobrevivência, quanto à utilização dos bens, eles estão a serviço do bem
individual e coletivo (11,24.28; 21,6s). Pode-se, então, olhar o outro,
especialmente o pobre, com compaixão, atenção às suas necessidades, percebendo seus
sofrimentos e tentando minorá-los (14,21.31).
2.2.
Qohelet
Esse
não é um nome e sim um título, quer dizer aquele que reúne, tanto pessoas a seu
redor como ditos, obras. É um livro bastante intrigante, que já foi acusado de
ser um tratado pessimista e, anacronicamente, até chamado de niilista. O autor
parece derrubar todas as bases de sustentação da vida do povo, um chamado à
reflexão das coisas que são verdadeiramente importantes na existência humana. Essa
obra é provavelmente do período pós-exílico, durante a dominação lágida[2] sobre o povo de Deus. Para
Ceresko, o autor responde às crises econômica, religiosa e política, como
pastor compassivo orientando os seus compatriotas a um rigoroso ascetismo (2004,
p. 102). Por outro lado, ataca os fundamentos da chamada “sabedoria” dos opressores.
Como
Provérbios, Qohelet também ensina o desapego aos bens terrestres. Para ele, tudo
é vaidade, a palavra hebraica hebel,
aqui traduzida por “vaidade” significa sopro, fumaça. Na poesia hebraica, ela está
associada à fragilidade humana, ao transitório, passageiro. Tudo aquilo em que
o ser humano se firma esvai-se no ar, ao sabor do vento. Ele submete os
alicerces da felicidade humana ao crivo da transitoriedade, põe tudo abaixo,
destrói todas as certezas. Tudo é vão, é vazio e sem sentido. O trabalho, obra
das mãos humanas também se mostra inconsistente, não conduz o indivíduo a
felicidade. As riquezas advindas desse trabalho também não proporcionam
realização plena. A própria sabedoria é colocada à prova. Em que consiste a
felicidade, comer e beber? O que nos restará ainda nessa aventura inglória que
é a vida humana?
Qohelet
nos oferece algumas pistas. O sábio caminha de olhos abertos, caminha na luz,
não anda nas trevas (2,13s). Tem a capacidade de trilhar os caminhos da
justiça, da retidão, reconhecendo a centralidade da opção por Deus e suas consequências
(12,13). A verdadeira felicidade consiste em reconhecer a bondade de Deus,
recebendo dele o necessário para viver com tranquilidade e harmonia através da
sabedoria, do conhecimento e da alegria (2,26; 9,7ss).
O
autor observa a opressão, praticada pelos ricos, aos pobres, a quem não há quem
console. Ele valoriza a solidariedade, o companheirismo para ajudar a suportar
as agruras do existir (4,9-12). Em vários momentos, Qohelet alerta-nos sobre a
incoerência da existência humana e propõe uma sátira ao dinheiro que não
garante nenhuma segurança em nossa trajetória terrena. A vida constitui-se em
um grande e insondável mistério, ao qual devemos inclinar-nos em adoração
diante do Criador: “Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade, (...)
antes que o pó volte à terra de onde veio e o sopro volte a Deus que o concedeu”
(12,1.6s).
2.3. Sirácida
No
Sirácida, nós nos encontramos diante de uma monumental obra da literatura
sapiencial, única no Antigo Testamento a trazer a assinatura do seu autor,
Jesus Ben Sira (51,30). Foi traduzida para o
grego, pelo seu neto, com o intuito de difundir os ensinamentos do avô. O
Sirácida viveu durante o período da dominação grega do território de Israel. Os
judeus eram pressionados, em princípio de forma sutil e depois de maneira mais
veemente, a adotar os costumes da cultura grega. É dentro dessa situação que
devemos situar esse livro. O autor está dialogando com a cultura grega, ao
mesmo tempo em que mostra aos seus compatriotas o valor de sua própria cultura
enraizada na experiência de fé do seu povo.
Estamos
mais uma vez diante de um panorama de dominação e opressão por parte de nações
estrangeiras, é necessário fortalecer as relações familiares, mostrar aos
jovens os verdadeiros valores humanos. É possível que o autor tenha tido acesso
ao livro dos Provérbios, ele ampliou e deu aos ditos uma melhor ordenação em
vistas a um ensinamento mais aprofundado e didático. O livro inicia propondo o
verdadeiro princípio da sabedoria que é o temor do Senhor e principia um
itinerário de conselhos práticos para vida cotidiana, são conselhos sobre família,
amizade e oração (CERESKO, 2004, p. 135).
Numa
cultura que incentivava o acúmulo de riquezas, o autor valoriza a amizade como
um tesouro de valor incalculável. Insiste na compaixão aos pobres e na
obrigação de ajudá-los (29,22s; 31,4). Para o Sirácida, a honra de um homem,
não está em seus bens, o motivo de um homem ser honrado é o temor do Senhor
(10,19-24). O rico é louvado por suas atitudes para com os necessitados (31,8-10),
é criticado por sua avareza, por possuir bens e não usufruir deles, guardá-los
para que outros se regalem é fazer o mal a si mesmo. O autor adverte aos seus
discípulos sobre o valor da caridade para com os pobres, orienta-os a não
desviar o olhar de suas necessidades, a não negar o cumprimento ao pobre
(4,1-10).
Lembrando
que o Sirácida está instruindo os jovens da classe abastada, recordando-lhes
que cuidar dos desvalidos é ser considerado filho de Deus. Ao insistir sobre a
importância da esmola, defende que dá-las é acumular um tesouro junto de Deus (29,8-13).
Numa época em que muitos sofriam com a expropriação de seus bens, endividados e
sem ter como se desvencilhar, perdem suas terras, tendo que entregar seus
filhos e filhas à escravidão. O autor incentiva seus irmãos a socorrer, por
meio do empréstimo, a esses desafortunados (29,1-7). Ele também valoriza
aqueles que oferecem fiança (29,14-20). Todas essas orientações visam ajudar
seus compatriotas a saírem da situação de penúria em que muitos se encontravam.
Essas instruções revelam que valores devem ser cultivados pelo povo de Israel:
solidariedade, respeito e auxílio aos pobres em suas dificuldades. A riqueza
não é um bem em si, antes, deve estar a serviço da restituição da dignidade aos
oprimidos e desfavorecidos.
Considerações
finais
Nosso
objetivo ao abordar os ensinamentos éticos presentes na literatura sapiencial, especificamente
em Provérbios, Qohelet e Sirácida era perceber que a preocupação com o
bem-estar de cada membro do povo de Israel, em todas as dimensões da sua
existência, não era uma atribuição exclusiva dos profetas. Todas as correntes
religiosas que atuaram na história de Israel tiveram uma preocupação ética.
Isso se deve à sua experiência fundante, a libertação da escravidão do Egito e
a Aliança firmada entre Deus e o povo no Sinai. O Deus que livrou Israel das
mãos dos opressores não permite que seu povo retorne à escravidão.
Ser
livre significa ter sua dignidade humana assegurada, não se deixar explorar,
nem pelos estrangeiros, nem pelos compatriotas; não se deixar escravizar pelos
bens, mas utilizá-los de modo que eles sejam instrumento de libertação para si
e para os seus irmãos de fé. Significa ser senhor dos bens e não escravo deles,
como orienta Jesus nos Evangelhos. Por isso, todos os dias o Senhor nos
pergunta: onde está o teu irmão? Como você tem cuidado dele? Qual o bem mais
precioso que possuis? Qual o bem maior da tua vida? Com o quê ou com quem você
gasta ou investe seu tempo? O que é mais importante ter um Bem ou acumular
bens? Eram essas as perguntas que perpassaram todas as orientações contidas nos
escritos que examinamos.
Referências
ASENSIO, V. M. Libros sapienciales y otros escritos. Navarra: Editorial
Verbo Divino, 1994.
BÍBLIA
DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2000.
CERESKO, A. A sabedoria no
Antigo Testamento: espiritualidade libertadora. Tradução Adail Ubirajara
Sobral, Maria Stela Gonçalves, São Paulo: Paulinas, 2004 (Coleção Bíblia e
Sociologia)
ZIENER, G. A
Sabedoria do Oriente Antigo como Ciência da vida. Nova compreensão e crítica de
Israel à sabedoria. In.: SCHREINER, J. Palavra e Mensagem do Antigo
Testamento. 2ed. São Paulo: Teológica, 2004. p.333-349.
ZENGER, E. O. Introdução
ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2003.
[1] Torá é como se nomeia o conjunto de
livros que formam o Pentateuco (Gn, Ex, Lv, Nm e Dt) na Bíblia Hebraica, pode
também denominar as escrituras consideradas sagradas pelo povo de Israel, o
Antigo Testamento para os cristãos.
[2] Dominação grega que governou no Egito e
também na Palestina no séc.III, eles infringiam ao povo uma exploração
econômica por meio de impostos cobrados anualmente em somas fixas pagas em
moeda corrente.
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